Dança dos ocos

Dança dos ocos

Já nem sei especificar mais qual é a falta que incomoda. Já tem tanto tempo que está sobrando falta aqui que descobrir quais são elas talvez seja o novo desafio.

E não é porque esteja sobrando falta que significa que o primeiro que chegar e me der um beijo sincero na testa e segurar minhas mãos vá ganhar meu coração.
Essa coisa de sentir é meio estranha. Oxalá ela tivesse um cabresto para ir pelo caminho que a gente acha que deveria.
Sobra falta no café da manhã, no café da tarde mas não sobra quando alguém decide matá-la.
Se “sentir” não fosse tão vital assim, talvez até desse para aninhar no colo de quem de bom grado abre os braços. Mas coração é meio insano, fica no peito mas controla todo o corpo.
Quanto mais os dias passam mais aquela esperança das borboletas dançando no estômago quando “O”s lábios me tocarem diminui.
Mas assim como eu tanta gente que tem de coração vazio também…
Vou dançar então a música dos ocos e comemorar que nessa “festa” de não sentir nada (sentir tudo pela pessoa errada) eu não sou a única a dançar sozinha.

Camila Lourenço