Meu céu-inferno

Meu céu-inferno

Quando você ronrona no meu ouvido e se encurva todo atritando o seu corpo no meu, sussurando “menina” entre um ronronar e outro, eu vou no céu e desço ao inferno de uma vez.
É um inferno ser tão céu cada toque nosso… cada conversa estranha nossa.
É um inferno esse céu de estar na sua frente totalmente despida de toda maquiagem e te contar os meus segredos mais ocultos e as minhas vontades mais secretas.
Quando eu fico olhando pra esses olhos cor de mata eu vivo um céu pra logo em seguida viver um inferno.
Quando você me toca com esse jeito louco e que logo depois fica manhoso eu arrepio cada pedacinho escondido em mim aqui dentro. E nem é escondido mais, por que, o que seria escondido de você? Só esses vulcões que você causa quando a gente se encosta e o inferno que eu vivo antes de dormir. Só isso é segredo de você, porque o resto, nada mais é.
Você sente até quando a minha mão está gelada do outro lado da tela e quando o calor vai tomando minha cabeça, e nesse nosso jeito largado de só viver sou mais viva do que nunca.
Você não vê o que eu sou. Você sabe o que eu sou. E ter esses segredos guardados no seu ouvido causa uma sensação tão de liberdade e prisão…
Depois você diz um monte de merda e nem vê quando eu te odeio. Nem vê também quando a minha luzinha amarela de “perigo” começa apitar feito uma louca, e ai, você me dá um sorriso e fala aquele seu “Ahhh” que eu adoro, e eu nem lembro mais do que é mesmo que eu tinha ficado grilada ou preocupada no minuto anterior.
Quando você me chama de menina é exatamente isso que eu sou: uma menina, uma menina levada e sapeca. E esse vulcão que você faz explodir em mim jorra lava de todas as cores…e depois, tudo fica cinza e duro. Mas logo em seguida você vem e faz toda a explosão acontecer de novo, e de repente eu nem lembro mais que vou viver o inferno depois. Porque quando você ronrona no meu ouvido, tudo que eu quero é exatamente isso: ouvir você ronronar e me aninhar nesse corpo mais macio que pêlo de gato, mais gostoso que chocolate e mais perigoso que cocaína.

Camila Lourenço