O peso de envelhecer

O peso de envelhecer

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O que mais pesa pra você o “envelhecer”? Pra mim, o que mais pesa, não são as rugas que começam a querer aparecer ou os cabelos brancos que começam a brigar com a nossa juventude tão a flor da pele. Tão pouco a idade datada no RG. O que pesa em envelhecer são as nossas escolhas, e não as escolhas que começam a dançar escancaradamente em nossa mente. O casamento que fizemos ou o casamento que não fizemos. A idade com que tivemos nossos filhos ou a idade que avança e não os temos. Os amores que se perderam porque não tentamos ou os amores que se foram porque tentamos. O emprego que aceitamos ou emprego que dispensamos. A faculdade que fizemos ou o curso que abandonamos.

O que começa pesar a medida que os anos passam é que nos damos conta de que quem realmente faz nossa vida somos nós, e o problema é que a maturidade traz consigo o peso do que fizemos ou não fizemos com nossa própria vida.

Quando somos jovens achamos que podemos tudo (e realmente podemos). Queremos tudo pra agora. O dinheirinho ganhado é pra comprar tal roupa ou gastar na festa badalada do final de semana.

Quando somos mais jovens, basta que a pessoa com quem estejamos encha o nosso saco só um pouquinho, ou esteja algum tanto fora do padrão desejado para que todo ‘vou te amar pra sempre’ vá por terra e nós embarquemos no próximo “amor à primeira vista” do caminho.

Quando somos mais jovens achamos fácil largar a faculdade, a cidade, os pais. Afinal, o quê que tem? “Se não der certo, eu volto”, é o que pensamos.

Acontece que sempre chega um momento em que as nossas escolhas, até mesmo as mais bobas, pesam. Aí, de repente, você vê a turma do curso que você largou se formando e você ainda como calouro no novo ‘curso da sua vida’ que você encontrou. Você olha pra sua mãe e a vê de cabelos brancos e enfim se dá conta que o tempo que você tem pra estar com ela talvez seja bem mais curto do que você imaginava. De repente, você vê a pessoa que fazia tudo por você, que você amava, mas, dispensou porque – sei lá… arrotava depois da janta – se casando com outra(o) e você aproveitando a solteirice que você jurou que era a melhor coisa do mundo, mas já acha que não é bem como pensava.

Envelhecer não pesa. Ter rugas não pesa. O que pesa com o tempo é a consciência que, enfim, cai em si e entende que está sim nas mãos do corpo que a possui o poder de fazer uma vida legal, ou não.

Errar sempre fez e sempre fará parte da vida. Fazer escolhas descabidas, pegar a contramão aqui, acolá, também. O que não dá pra rolar é o não-perdão pelas coisas feitas ou não feitas. Dar uma olhada pra trás pra ver a senhora história (ou cagada) que fez, faz parte de aprender e entender que “deixar a vida nos levar” pode ser uma escolha arriscada demais.