Quando aprendi contar estrelas e ouvir música feia

Quando aprendi contar estrelas e ouvir música feia

E eu sabia que seria assim, que de repente você iria aparecer e encher minha vida com suas bagunças. E você veio e veio com tudo.
Veio com esse gosto estranho e esse humor agridoce, e esse cabelo por pentear e algumas coisas por fazer. E falou daquele mundo que eu não conhecia, e riu da minha cara me chamando de “burra” por não conhecer e eu quis te bater. Então você riu de novo mas dessa vez sorriu com os olhos.
E ai você meio que se instalou aqui. Trouxe toda essa baderna pra minha vida e as suas roupas sujas ficam jogadas no chão e tropeço nelas quando vou me arrumar. Mudou minha rotina e agora meus horários e programações estão todos uma zona. E você me olha com esse olhar de gato pidão e eu não consigo me lembrar onde eu escondi meus “nãos”.
Quando você deitou no meu colo e eu enrosquei meus dedos nesse seu cabelo bagunçado com cheiro de gente, não foi arco-iris nem vulcão que vi nascer, foi alguma coisa esquista que era os dois e ao mesmo tempo não era nenhum e tinha cheiro de todas as frutas e todas as flores junto. E quando você me pegou pela cintura e me tascou aquele beijo eu pensei:“fudeu”.
Foi bem nessa hora que eu vi que não queria mais toda sua bagunça fora de mim. E então deixei minhas roupas no chão junto com as suas e nós dois fomos contar estrelas e ouvir suas músicas estranhas que agora eu já nem acho tão estranhas assim.

Camila Lourenço