Um bálsamo, quentinho, por favor.

Um bálsamo, quentinho, por favor.

“Queria que algum sopro fizesse parar de doer
e levasse junto com a dor essa falta. Essa falta enorme e amarga que ele faz.
Eu queria espantar aquela dor pra longe. Queria tudo curado, mas ainda via jorrar sangue das feridas. Meu estômago fazia festa, no auge de sua estúpida e independente gastrite. Minhas pernas quase voavam, na ignorante mania de agora, não andar mais rápido. Queria não lembrar, mas a saudade, danada, deitava e acordava em meu encalço. Meu coração, já não batia, tremia, e desse, coitado, eu sequer ousava tirar sarro.
Eu queria que nada doesse. Ou até que doesse, se houvesse aqueles braços para me acalmar. Não havia. E eu reaprendia, que as vezes é preciso doer-se todo para se curar.

“Little house – Amanda Seyfried”
Camila Lourenço