Me vejo inquieta quando sei estar onde você não pode me encontrar.
Não sei onde estás…talvez esteja na próxima esquina a ver os carros passarem.
Talvez esteja no supermercado comprando tomate agora.
Ou quem sabe talvez, seus olhos cruzem com os meus todos os dias, em anonimato.
Mas, mesmo que seu paradeiro não seja meu conhecido, tenho medo de não estar onde você possa me encontrar.
Tudo bem que você talvez não frequente aquele bar onde adoro sentar e ouvir samba raíz.
Tudo bem que você também não me encontre nas vezes em que me sinto feliz e livre sentindo as ondas sonoras tocarem meu corpo e me fazerem dançar.
Tudo bem.
Mas eu não consigo me saber parada aqui. Não consigo sentir essa vida passando assim por entre meus dedos. Por isso, não espere me encontrar com endereço fixo.
Talvez, não te encontrar seja isso, descobrir novas formas de viver.
Trocar o lado da rua.
Fazer um passeio diferente.
Ser errante.
Aprender a viver e ser feliz “apesar de”.
Mas, ainda aguardo o momento em que saberei quem é você, que povoa meus sonhos, e enfim te entregarei todas as cartas que tenho guardadas, e te mostrarei todos os rascunhos da minha pasta, e quem sabe até, entoarei pra você as músicas que fiz enquanto você por aqui não estava.
Sim, talvez não te encontrar seja meu jeito meio estranho de me saber viva, de me pertencer.
Enquanto você não vem… eu vivo!
Mas uma hora a gente se esbarra… ah sim, se esbarra sim!
E então te contarei tudo que aprendi enquanto vivi tua ausência.
Enquanto isso… vou continuar por aqui, vivendo! Em uma rua dessas por ai, uma hora a nossa vida se encontra.
Camila Lourenço