Retomando

E olhando fixamente para aquela estrada a qual estava percorrendo, nada via além de um céu carregado de nuvens negras, um chão árido, um caminho todo cheio de buracos e pedras e a certeza de que aquela não era nem de longe a estrada mais atrativa que já havia visto.
Porém, quando desviou o olhar um pouco para o lado viu há menos de dois passos dali o caminho no qual estava antes de tomar a decisão de andar na estrada sombria. Seu caminho antigo continura lá. Nele o dia estava claro e o céu sem nuvens. A vegetação ao redor não era cheia de flores, mas a plantação era verde e havia muitas árvores ainda pequenas e em uma e outra já começava brotar flores. O asfalto era relativamente novo, apesar de alguns pequenos buracos que havia aqui e ali, mas o que mais lhe chamou a atenção é que havia seu nome grifado nas partículas do ar que dançavam naquele lugar. E como se fosse bolhas de sabão coloridas ela via seu nome cair em cada pedacinho daquele chão que agora ela sabia, era o seu chão.
Voltou o olhar para a estrada sombria na qual estava, que mesmo sendo dolorida de percorrer havia aprendido gostar. Deu uma última olhada em tudo e aspirou mais uma vez aquele ar denso. Deu um beijo na palma da mão, abaixou-se e tocou o solo deixando no pedaço de terra um “obrigada” silencioso.
Levantou-se vagarosamente, porém decidida. Deu dois passos para o lado que estava olhando ainda há pouco e voltou para o caminho do qual talvez nunca devesse ter saido. O seu.

Camila Lourenço