De vez em quando eu faço silêncio pra mim. Fico caladinha, com cara de desdém, como quem não quer nada. Minto, na minha omissão de palavras. Minto pra vida. Finjo não estar esperando mais nada, não acreditar mais em nenhuma fantasia. Finjo ser uma boêmia que com pouco ou nada se importa.
Torço, dia após dia, para que a vida me faça morder a língua e me dê, como castigo, tudo quanto eu finjo não acreditar que exista.
Camila Lourenço