Instável

Digo fica sussurrando tchau.
Vou pro norte olhando compulsivamente para o sul.
Aperto o play e continuo pausada.
Piso em ovos sem necessitar.
Guardo beijos por guardar, pra não violar o contrato que meu coração não quebrou.
Dou risada pra fora, clamando por dentro.
Ando com os pés cravados no chão.
Desempeno asas.
Pisco para não ver e não durmo pra não perder de vista.
Odeio sem odiar.
Sinto a ausência pulsando no meu estômago.
Tiro férias da vida e continuo nela me arrastando, com um sorriso irônico grudado na cara e a contradição e todos os sentimentos confusos encontram em mim seu lugar.
De mim já não sou, e estou num lugar onde sou forte demais pra ficar e fraca demais pra sair.
Sou um vulcão em erupção. Sou o gelo do ártico.
Dou tapa na tristeza e digo a ela bem gritado:”vaza, porque aqui não é seu lugar.”
Confio na vida, nas voltas e espero com um sorriso maroto pendurado nos lábios as surpresas nem tão surpresas assim que a vida trata de nos encaminhar.
Camila Lourenço