O mundo que eu sonho

“O mundo está ao contrário e ninguém percebeu.”
|Nando Reis|
Sim, eu sonho com um mundo com menos fome, mais paz, mais igualdade. Mas, eu sonho também com um mundo com amor mais declarado. Amor de gente. De gente pra gente. Porque amor faz bem até quando faz mal. O único que deixa feliz até quando é triste, só porque existe.
Sonho com um mundo onde possamos rir solto, como somos. Sentados numa grande e rica poltrona ou num encardido chão. Um mundo com menos inveja e mais aceitação. Com as diferenças respeitadas como chuvas coloridas.
Um mundo com um pra sempre hoje. Pra sempre agora. Pra sempre responsável, mas feliz e cheio de esperança como os olhos de criança.
Não desejo menos impulso, talvez devesse, mas é que as vezes é exatamente alguma coisa feita por impulso que mostra quem realmente somos, e leva alguém a nos amar. As vezes é exatamente quando erramos que conseguimos acertar, então, por isso não excluiria o erro, mas diminuiria-o a passo pequeno, miúdo, discreto e leve como de bailarina.
O mundo que eu sonho o abraço é prato do dia todo dia em casa, e tem pais cantando de esperança pra criança no colo.
O mundo que sonho tem mais coragem, mais humanidade, menos falsidade. Deficiente físico é visto não como alguém do canto da sociedade, mas como um ser exclusivo e único, como eu e você. O mundo que eu sonho, conteúdo pesa mais que dinheiro.
O mundo que eu sonho a hipocrisia é o passarinho feio que canta do lado de fora da janela, olhando a baderna feliz mas sem coragem de mudar o canto pra entrar.
O mundo que eu sonho, homossexual é olhado com respeito, mesmo pelos que não concordam, pois é preciso mesmo ser muito macho pra escancarar os próprios desejos e aguentar as consequências disso.
O mundo que eu sonho a gente é feliz só porque é feliz. Só porque temos o direito de sermos nós mesmos, e só.

“Como nossos pais – Elis Regina”
Camila Lourenço