Sentei no sofá pra ler e fiz questão de a ignorar. Havíamos tido uma briga feia no dia anterior e eu não estava nem um pouco disposta a ceder.
Li, sentei no chão da calçada, amaldiçoei-a. Ela e aqueles seus irmãos. Amarguei aquele ódio ressentido de mim por não conseguir me desvencilhar de nenhum deles de vez. Amarguei minhas idas e vindas daqueles que pareciam ter nascido grudado e mim. Mas, ela, ela, naquele dia em especial estava me incomodando. Eu queria a estapear. Dizer: “Vá embora. Chega! Não quero mais!” E até fiz.Quase fiz.
Sentei, lhe escrevi o mais amargo dos meus troféus e lhe dediquei o pior dos meus poemas, aquele que o coração é quem desliza pelos dedos e compõe, cada palavra, vomitando. Chorei. Achei que dessa vez era pra valer. Passei a noite em claro, olhando pra algum lugar tentando descobrir de onde ela vinha e porque insistia em ficar. Amanheci e quando sai pela porta, vi um sol imenso a sorrir pra mim, como que zombando da minha cara, dançando seus raios naquele céu naquele azul lindo de viver. E lá, no meio daquela festa que o sol, o dia, e aquela brisa fez nos meus olhos, eu a encontrei. Respirei fundo e a vi ladeada por aqueles seus irmãos que na noite anterior eu tanto amaldiçoara. Ela me sorriu, e os três: ela , o amor e a esperança me estenderam os braços pra me receber num abraço grupal e eu fui. E enquanto sentia aqueles 3 pares de braços me envolvendo como se fosse o mundo eu me vi amanhecer. Vi nascer em mim um amanhecer sem sol, um amanhecer que fiava somente nela, que naquele momento, liderava todos os outros.
Naquele dia vi que eu sem ela, a FÉ, sou como música sem melodia. Só uma nota estranha tentando se manter.