Arrisco

Eu não vou transformar em palavras, só pra não te acordar. Me acordar.
Se isso for um sonho, me faça dormir baixinho, caladinho. Não me importo se na boca ficar o gosto ardente da necessidade de você. Prefiro te ter a conta gotas de forma constante que te ter em cascata e ver todo bem, ESSE BEM se esvair. Então venha e me possua na velocidade do desabrochar da flor, firme, constante e lindo.
Venha e me tenha com a sede da terra árida de setembro que recebe água após tantos dias sem umidade.
Venha e me tenha,mas me tenha de forma que cada parte de você me envolva como tentáculos de um polvo, como raízes de uma árvore. Me possua não como um fruto pra matar sua fome, ou flor para adornar seu casaco, mas como água pra lubrificar seu corpo. Como vitamina pra dar forças a suas pernas, como colírio pra iluminar seus olhos. Venha e me tenha na medida certa do não sei o quê, que nasceu não sei como, na data de não faço a mínima ideia, mas que chegou na hora certa.
Demorou tanto pra esse caminho cruzar que agora a fundição num só é coisa de tempo que a gente não espera, degusta.
“Se for amor, apenas sinta. E se há vida, veremos”.
Se é sonho, não me acorde, porque se é sonho, acabo de descobrir que nasci pra dormir. Dormir com um sorriso nos lábios por enfim ter você aqui.
Eu brinquei de desacreditar, mas por você eu abro uma exceção e arrisco crer.

The only exception – Paramore

Camila Lourenço