Às vezes a resposta é não.

Às vezes a resposta é não.

Para ler ao som de:

Ninguém gosta de receber não. Eu, particularmente, odeio. Sempre odiei e provavelmente, sempre odiarei. Odeio tanto que sempre o aboli da minha vida. Quando era criança e recebia um não dos pais, insistia, chorava, fazia manha, graça, insistia de novo, e de novo, e de novo e mais uma vez até os vencer pelo cansaço. E vencia-os e conquistava meu sim. Desde então, têm sido assim em todas as áreas da minha vida, em todo tempo e em toda e qualquer situação. Mas, nem sempre venço pelo cansaço. Nem sempre o sim vem e em boa parte das vezes, o não prevalece.

Parto do princípio que no fundo somos todos crianças. Crianças a procura de aceitação, amor, segurança e afeto. Crianças que às vezes custam notar que todas essas coisas se encontram dentro e não fora. E acredito que esse é um dos fatores principais para que tenhamos dificuldade em lidar com o não. De certa forma e algumas situações, é maravilhoso que sejamos assim. Isso nos impede de desistir de cara frente às adversidades, de aceitar porta na cara sem lutar. Nos impede de não ter foco e nos dá força para prosseguir apesar de qualquer ¨apesar de¨. Mas, apesar de toda nossa força, insistência e fé é preciso entender que às vezes a resposta é não.

Por várias ocasiões lutamos tanto contra a maré, pedimos tanto por causas perdidas, choramos tanto por idealizações não concretizadas que não nos sobra sequer tempo para respirar e aceitar a situação tal qual como é. Nessa de insistência por um sim, quantas pessoas perdemos, pra vida e pra morte. Quantas frustrações engolimos e quantas vitórias nem tão vitórias assim contabilizamos. Às vezes nos matamos pra ter algo ou alguém. Passamos por cima de nós mesmos, dos nossos sonhos, das nossas noites bem dormidas pra ter algo que lá na frente descobrimos que não valia todo esforço empenhado.

Eu, particularmente, tenho muita dificuldade em saber a hora de parar, em desistir de tentar mesmo quando os punhos já sangram, de aceitar o não. Mas, desistir às vezes é o maior ato de coragem que podemos fazer por nós mesmos. Porque às vezes, a resposta é não.

Desapegar da dor, da expectativa, do apego, da esperança não é tarefa fácil. Mas se você acredita em Deus, universo ou o que for, entregue. Entrega e confie.

Muitas situações na vida vêm sem explicação ou sentido aparente, mas como já disse o Steve Jobs, daqui algum tempo, quando olharmos para trás, os pontos se ligarão.

Sua intuição saberá te guiar e te mostrar quando a resposta for não. E quando for não, respire, aceite, confie, entregue.

 

|Foto do ensaio fotográfico do Enquanto você não vem, clicado por Rodrigo Arruda|