Deixa “eu” te ouvir?

Se eu te contar da vida, seu moço, talvez pareça meio repetitivo.

De amores.. eu já falei por aqui.

De amigos, também!

De sonhos, de alegrias, tristezas, família, encontros, desencontros…

Já disse tanto de tudo isso…

Então, seu moço, que tal falarmos sobre você?

Me conta dos teus sonhos, da tua indignação pela violência que acontece no mundo.

Conta-me do seu dia e das risadas que você soltou com seus colegas de trabalho.

Conta das horas em que você se acha irresponsável e daqueles momentos em que você sai de carro e se sente totalmente livre dirigindo sozinho com o braço na janela.

Conta, seu moço, dos seus planos para o futuro, do balanço que você fez do ano que passou.

Conte sem pesar as coisas das quais você desistiu. Vamos lá… Vamos exercitar um pouquinho essas lembranças.

Conta dos momentos que você tem guardado ai nessa gaveta, e daquelas sonhos que você deixou criar pó.

Conta pra mim seu moço de quantas vezes você saiu esse ano pra dançar.

E quantas vezes disse eu te amo para quem você deveria dizer…

Me conta seu moço…me conta se você fez como eu e deixou completar 1 ano sem voltar em sua terra natal.

Conta, conta pra mim se seu coração se aperta de medo quando você pensa nos seus avós, ou em qualquer ente querido mais velho que você tenha.

Conta…fale de você. Deixa eu me identificar com sua história.Deixa eu aprender com você.

Não tem problema se você foi esquisito em algum momento.Tudo bem, as vezes eu também sou.

Tudo bem se você chorou. Todo mundo chora em algum momento (ou em vários, como eu).

Me conta da sensação que algumas músicas te dão. Fale das suas esperanças. Deixa o medo sair pelas suas palavras, e vamos encontrar juntos a solução das coisas que precisam de solução.

Me conta de você, seu moço?

Ou então não conta. Fale baixinho só pra você. Era realmente essa a intenção.

Camila Lourenço