Equilíbrio

Trago no peito um jardim de sonhos.
Tenho entre os sorrisos uma série de lágrimas represadas.
Tenho todas as vontades enraizadas na alma.
…de sentir a adrenalina tornar a pulsação mais forte.
…de ficar sem ar, perdida num mar de abraços.
…de perder a respiração num beijo profundo.
…de me perder em “você” e ainda assim, me encontrar.
… de ter a certeza que vai dar certo, que no final a sensação “valeu a pena” triunfará.
Vontade de tentar muito mais, e acertar vezes mais também.
Cabe muito aqui no peito, e ainda assim, mesmo tendo um espaço tão vasto ainda a ser preenchido, ele parece apertado.
Creio que todos nós mudamos. Somos um amontoado de recomeços. Mudando de gosto, de opinião, de rumo. E de tanto recomeçar, chega um momento em que mal conseguimos ver o ser que éramos quando começamos o ‘começo’.
De tanto recomeçar, ando precisando me encontrar. Assoprar as cinzas e ver o que sobrou do que fui. Ver o que preciso resgatar, ver de que preciso me livrar. Se bem, que dessa bagagem de coisas que precisam ser jogadas fora só sobrou mesmo o medo. Aquele medinho profundo que bate a porta sempre que algo ou alguém chega e traz consigo a sensação de que tudo pode mudar de verdade.
Tenho medo da ‘água’ fria, mas, mesmo nos poços mais gelados, quando resolvi entrar, sempre mergulhei de uma vez.
Está na hora de buscar o equilíbrio. Aquele que talvez levará consigo essa coceirinha interior que me faz sempre acreditar que eu preciso ir em busca do que ainda não sei o que ou quem é.

Camila Lourenço