Para ler ao som de:
Há muita coisa para esquecer, mas eu queria mesmo era me lembrar.
Quero lembrar do gosto do iogurte que era delicioso, mas descobri que era edição limitada quando voltei para experimentar mais uma vez. Lembrar do perfume que eu também comprei sem saber que não voltaria em outras edições.
Eu quero me lembrar das pessoas. Com o tempo enche o saco jogar todas no poço do esquecimento que cavamos no quintal da vida.
Eu quero me lembrar dos risos que dei, do que aprendi, das sensações que pareciam céu quando ocorreram e agora causam menos que nada.
Eu quero me lembrar de quem vi uma vez e senti que poderia amar. Não quero evitar amor como quem evita AIDS. Quero me lembrar e quero ir.
Que saudade da nossa infância destemida.
Quero me lembrar do que disse, pra aprender não repetir novamente quando for erro, e pra reforçar que não é vergonha seguir a sinceridade que é gritada, impulsivamente pelo coração. Não deveria ser regra ter que jogar e se proteger.
Eu quero me lembrar. Quero esvaziar meu poço da amnésia, libertar lembranças e transformar as águas turvas dos pensamentos não realizados em lagos seremos para meus demônios, minha dores, alegrias e verdades passearem.
Eu quero me lembrar para aprender de verdade esquecer e viver.