Que valor incalculável possui aquelas pessoas que nos conseguem dar fé.
Qualquer palavra que eu dissesse quebraria o encanto do momento. Tinha um sol nascendo na minha frente e eu não poderia perder.
Não eram dias nem lindos, nem tristes. Eram dias. E tudo corria bem sem nada de bom realmente enfeitando. Até que aquele sol fez borboletas dançarem no meu estômago e trouxe um capítulo para aquele livro cheio de prefácios que tinha se tornado minha vida.
A despretensiosidade daquele sol, nascendo bem ali, orquestralmente na minha frente dava a tudo um tom diferente e mais vivo.
E foi iluminada por aquele sol, que me atirei pra vida. Ciente que o medo não me abandonaria, usei-o como trampolim. Porque medo ou nos trava ou nos empurra, e dessa vez, resolvi fazer o meu me empurrar, pra vida.
Sem saber se aquele sol nascia pra ficar, ciente da ausência de promessas a serem cumpridas, tomei posse da única coisa que realmente nos pertence:”o agora”.
Sabe-se lá que fim levaria aquele voo livre que aquele sol tinha me incentivado a fazer. Sabe-se lá do amanhã, do chão e de tantas outras coisas.
Se para o planejamento do que que não se sabe eu havia perdido um bom tanto de sorrisos meus e de outros pelo caminho, dessa vez resolvi fazer diferente. Não planejei, não arquitetei. Fui. Aquele sol que nasceu quando ele sorriu, me salvou, e através dele, me perdi de novo. Mas pouco importa o quão perdida eu pudesse estar, pela primeira vez, por não saber como pode ser o caminho, o coração voava feliz, por enfim poder ser o que quisesse ser, se quisesse ser.
Foi o brilho daquele sorriso que me libertou. E foi naquele sol que nasceu quando ele me sorriu, que floresci, pra vida e pra mim.
Caetano Veloso – O Ultimo Romantico
Camila Lourenço