Tenho uma amiga que quer ser jornalista, mas faz o curso de biologia. Oi? Biologia? Ao que ela responde: “Ah Camila, é o que tinha disponível na minha cidade.” Tenho outra que quer ir pra Florianópolis no reveillon, mas acabou de comprar passagem pra Salvador. Oi? Salvador? Ao que ela responde “Ah Cá, é porque tinha uma promoção mega incrível.” Tá, entendo que isso de promoção corrói mesmo nosso bom senso. Entendo minha outra amiga também que faz biologia ao invés de jornalismo porque é o disponível em sua cidade. Esses são exemplos de auto-sabotagem, mas são leves e alguns até entendíveis. Como no caso da que faz biologia. Talvez realmente não houvesse como ir pra outra cidade. Auto-sabotagem osso duro de roer mesmo é aquela que cometemos diariamente quando fazemos coisas que conscientemente sabemos que não nos levarão pra onde queremos ir. Ah meu amigo, essa é triste, e como a cometemos. Falamos que queremos mudar de emprego, mas não olhamos o classificados. Falamos que queremos ganhar mais, mas não fazemos um curso sequer pra ao menos justificar a bonificação. Falamos que queremos namorar, noivar, casar, mas nos enfiamos dia após dias em relacionamentos que sabemos previamente que nos levarão no mínimo pra cama, e no máximo a amargas lágrimas.
O problema é que as vezes se auto-sabotar é prazeroso. Como por exemplo, continuar dando uns bons amassos naquele bonitão, gostosão, tudo de bom. Deixar só porque não vai dar namoro? Ah.. não, pra nós é melhor aproveitar mais um pouquinho. Gastar aquele dinheiro da balada num curso de um final de semana inteiro, nos obrigando a pegar nos livros num baita domingão? Não.. mais pra frente, outra hora, quando o dinheiro sobrar (como se isso algum dia fosse possível, dinheiro sobrar. Puff)
Creio que a maior arma contra a auto-sabotagem é assumir o que realmente é e quer. E daí se você tá a fim só de ficar? E daí se você dá mais valor a uma balada que a aquisição de um conhecimento específico?