Você não cabe no meu peito. Por isso eu te transpiro em tudo que faço, e fico uma refém confessa e feliz da sua risada.
Eu vejo você comer minha criatividade com seus lindos olhos cor da noite e sequer consigo fazer alguma coisa, porque você não me cabe nos olhos.
Eu observo meus passos seguindo os seus, tropeçando pra se manterem firmes ao objetivo de antes. Cruzando os dedos nos seus, torcendo pra sorte nos sorrir e fazer caber no mesmo destino. E vejo que você não me cabe nas mãos.
Teu beijo tem o tamanho da minha necessidade e teu sussurrar, a sonoridade exata do meu vício. E mesmo assim, eu sei, você não me cabe no sopro, nem na língua, nem na língua, nem na boca molhada.
Só quando os nossos braços se fecham no formato de um C, é que eu descubro onde você me cabe. Onde eu caibo em você. Nos cabemos dentro desse amor infinito, ou finito até que dure. Nos cabemos dentro dessa vontade de sorver o mundo e bebê-lo num gole, como você faz com um copo de cerveja.
Você se derrama onde quer que eu te coloque em mim. Mas no teu abraço eu descubro que temos a medida certa do amor, desse que nos faz feliz e livres, mesmo estando presos – por querer – dentro de um abraço.
|Foto: Alexandre Cavarzan|