Eu sempre ouço e leio mulheres enumerando homens de vagabundos porque eles não corresponderam seus interesses e homens reclamando que as mulheres não querem nada com nada por elas terem lhe dedicado um belo fora. Confesso que eu mesma já fiz isso. Afinal, é gostoso chamar de sacana, mulherengo, filho da puta e afins alguém que nos fez sofrer e jogou no lixo nosso sonho bonito de amor correspondido. Oferecer ombro para amiga dizendo que o cara não vale nada, chamar a atual de bruxa, baranga, são consolos quase infantis pra criança que não pode ter o brinquedo que quer. Claro que funciona. Se tem uma coisa que nos ajuda a superar pé na bunda e frustrações é a raiva. A raiva é um sentimento tão nobre quanto qualquer outro, e dependendo da situação, é a única capaz de nos impulsionar pra frente. Mas também pode provocar uma cegueira mimada que trará efeitos fortemente nocivos com o passar do tempo.
Ninguém é obrigado amar ninguém. E também não existe um estatuto que classifique alguém de otário só porque pra você ele é a última bolacha do pacote e você pra ele, só mais um rosto num dia corrido.
Ninguém é filho da puta porque você o conheceu na balada, trocou beijos, saliva, amassos, rolou na cama e depois de uma gostosa transa, não recebeu nem um telefonema.
Garota alguma é puta, boba ou gosta de homem que não presta só porque você está aí, louco pra lhe dar casa, comida, roupa lavada e muito amor e ela não está a mínima pra você e mal sabe seu nome.
É preciso entender que assim como a vida, as pessoas também são feitas de fases. Que assim como você maldiz alguém hoje por não te querer, várias outras pessoas já te maldisseram pelo mesmo motivo, mas que isso não faz nem de você nem de seu atual algoz, pessoas que não prestam. São apenas pessoas com objetivos e fases diferentes. Não somos responsáveis pelas expectativas e idealizações que criam com relação a nossas atitudes e vontades, e isso é uma verdade universal da qual ninguém escapa.
Só que, claro, ao contrário disso, somos sim responsáveis pelos sonhos de amor que alimentamos, pelas juras que fazemos, pelas promessas desnecessárias que distribuímos. E pra esse tipo de situação, sim, cabem todos xingamentos acima descritos, embora eu sempre ache que a indiferença seja sempre o maior castigo.
Você tem o direito de não estar a fim. Você não tem o direito de iludir.
Você tem o direito de não amar, mas não tem direito de alimentar um sentimento que você não quer ou vai cuidar.
Você tem o direito de viver qual fase quiser, mas tem a obrigação de arcar com as consequências dela também.
Não quer namorar? Não iluda, não enrole, não se coloque em situações confusas, não prolongue o que não é seu objetivo.
Tem alguém apaixonado por você? Respeite, seja grato, na maioria das vezes em que essas situações acontecem, sequer somos merecedores ou demos motivos. Você tem o direito de seguir em frente e é amoral que você faça do sentimento que lhe dedicam piada interna entre amigos e exponha ao ridículo quem apenas quis lhe dedicar afeto. Pessoas que fazem isso são baixas, inseguras e colhem em dobro o que plantam. Espero que não seja o caso de você, que me lê.
Está apaixonado (a) e não te querem? Respira fundo e toca o barco. Você não é o primeiro (a) nem o último que passará por essa situação. E vá por mim, lá na frente você vai agradecer por esse amor não ter obedecido as suas expectativas.
Chamar de vagabundo alguém que você topou colocar em sua vida mesmo sabendo que queria você e a torcida do Corinthians só te colocará em posição de alguém que usa pouco o cérebro. Você não é mãe ou terapeuta de marmanjo e lugar de gente com problemas de escolhas, indecisos e que não sabem o que fazer com a própria vida, é em alguma sala conversando com um desses dois personagens listados.
Agora, se você amou, te encheram de esperanças e fizeram crescer um sentimento que nunca tiveram pretensão de querer, relaxa e respire. Você amou um idiota. E idiotas são só idiotas, nada mais.