Juliana não era fútil, mas atualmente seu maior sonho era ganhar – ou ter condições de comprar – o vestido lindo que um dia sonhara para sua formatura.
O orçamento, porém, estava apertado. A mãe doente, o cachorro com carrapato, a louça pra lavar e o estágio pagando apenas R$700,00 pingados por mês não lhe garantiam o prazer de se vestir como tanto sonhara no dia que enfim pegaria o diploma. Nem grana pra locar o vestido possuía, porque seu curto salário mal dava para pagar as contas – que eram muitas.
Num belo dia, no entanto, entrou sua patroa no cubículo onde trabalhava e comentou com Juliana que estava querendo dar fim na cortina vinho da entrada da empresa. Entregou a ela o monte de tecido e disse: faça o quiser.
Naquele dia, enquanto Juliana olhava para os 3 metros de tecidos e pensava que aquilo não ficaria bem em sua casa, se lembrou que sua mãe era costureira e aquela cortina que até pouco os protegia do sol, era da mesma textura do vestido que tinha idealizado.
Voltou pra casa correndo, mostrou o modelo pra mãe, costureira, e garantiu, a partir daquela cortina quase velha, o vestido novo que tanto almejava.
Só é possível mudar aquilo que conseguimos aceitar.
A vida é um tecido esperando ser aceito para se tornar o que quisermos ter para nos revestir.
Pra ser feliz, basta aceitar.
|Foto: Carol Costa|