Qualquer canto

Qualquer canto

Não quero uma casa no campo. Na velhice, quem sabe, talvez.
Quero um apartamento na cidade, com três quartos iniciais. Não precisa ser grande ou luxuoso, só precisa ser nosso. Nosso canto.
Quero você entrando com seus livros, suas histórias. Quero brinquedo de menino no caminho do meu dia. Quero nosso escritório, tão cheio de livros que mais parecerá biblioteca.
Ou, uma casa, não sei.
Com as ruas e seu barulho de carro e sirene, e a casa da vó no interior como refúgio tentador, e a casa da mãe com a comida temperadinha, delícia.
O choro do menino, o riso da criança. O eu te amo antes da última piscadela, o bom dia antes da escova de dentes.
O amor por amor, na cama, na mesa, no banho.
Não preciso de uma casa no campo, nossos rocks a gente comporá enfrentando a vida, construindo história.
Guardarei nosso bandolim na sala, junto da sua poltrona de descanso. Nossa história nos móveis e canto de cada cômodo, nosso amor na cama e no meu corpo.
Ou talvez eu queira uma casa no campo. Ou talvez na cidade, ou talvez um apartamento.
Já não sei mais.
Eu quero o que te tem, porque é esse o elemento que transforma qualquer canto em um canto feliz.

Quero você inteiro e minha metade de volta.
|O Teatro Mágico|
Marcelo Camelo e Mallu Magalhães – Janta

Camila Lourenço