Se você não vier, meu bem, eu vou dançar em via pública até deitar no chão e ver o céu sem estrelas. Terei mil e uma noites inesquecíveis. Doze horas de um dia sem continuidade.
Se você não vier, meu bem, eu vou dançar até as meias pedirem pra sentir as pedras do chão. E vou descobrir milhões de universos no desfilar de lábios e vários céu’s no encontrar de abraços.
Se você não vier, dançarei decifrando a mensagem das galáxias: não descemos apenas para nos encontrarmos. E dançando com o tédio, minha resignação lançará luz em novos caminhos, novos filmes e novas pessoas. E a fé vai nascer no copo ao som de Netflix.
Hoje eu não vou voltar pra casa. Verei meu amante acordar, e ao despontar entre as nuvéns, após o beijo de boa noite ao outro continente, sentirei os raios do meu novo presente. E subsistirei sob o céu a alegria balsâmica de poder ser triste, ou alegre, na chance do presente que a mim fez-se caber.
Se se você vier e eu não te reconhecer, eu vou dormir olhando o céu poluído e não vou me lembrar dos seus olhos. Porque visto não reconhecido não fornece viagens.
Mas se você vier, e nos reconhecermos, contrariando o coração repleto de sentimentos evaporantes, eu expulsarei o medo de em mim deixar nascer amor por ti .Tentarei, talvez inutilmente, ser menos dramática e romântica, mas vou rodar feito carrossel olhando seus olhos, e acordar pra te ver dormir, e deslizar os dedos pelos seus cabelos como Patinhas deslizava as mãos pelas moedas. E ouvindo seu coração existente, no tempo que nos for presente, eu ressonarei com a certeza de que você viria, mesmo sabendo da histeria cética de minhas células, dizendo que não.
Se você não vier, meu bem, tudo bem. Mas se você vier, amor meu grande amor, e nossos olhos, sincronizados com o tempo, se aperceberem-se, encontrarás em mim o aconchego quase cego de quem ama mesmo quando a silhueta ainda é escuridão.
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