Devo estar perdida em algum lugar, tão longe e bem econdida que nem eu mesma consigo me achar.
O vento parou de soprar, o silêncio impera e nem mesmo as lembranças me fazem mais companhia.
O casulo criado para proteção se tornou uma crosta, grossa e dura, difícil de quebrar que impossiblita o sol de penetrar.
Não há mais a boazinha.
Não há mais a revoltada.
Cessaram-se todas as tentativas.
Ficou o marasmo e a descrença. Porém, nem um nem outro grande o suficiente para que viver (de verdade) não fosse sempre um convite tentador e aceito.Porém, sem profunidade em nada, e sem permitir que ultrapassem a linha protetora imaginária criada.
Quando foi que a proteção virou prisão?
Quando foi que o respirar fundo para ser forte se tornou ceticismo?
E onde está a “luz” que sempre aparece quando o túnel acaba?
Talvez não haja mesmo finais. Talvez seja isso: uma sequência de continuações, de capítulos com finais subentendidos.
Porém, não havia essa parte, essa condição, registrada nos livros das histórias que me contaram antes de dormir.E por não estar registrada nos livros segundo os quais, me foi ensinado a “acreditar”, me vejo despreparada para ser sempre cética. Mas afinal, ninguém está preparado pra isso. Todo mundo simplesmente aprende dançar conforme a música, deixando assim de sobreviver para viver.
Se o percurso é sempre mais importante e rico que a chegada, vou me atentar então à paisagem. Talvez ela dê sentido ao silêncio gritante e cortante que impera aqui dentro.
Camila Lourenço