Me desarmando pra vida, entendo o quanto somos todos diferentes e iguais. Me permitindo aceitar as pessoas como são, acabo completando o pedaço que faltava em mim.
Eu me lembro de você nas horas mais inapriopriadas possíveis. Sei lá porque. Eu comparo começos, fins e meio. Talvez seja porque te idealizei demais, e tendo te idealizado a palavra perfeição andou sempre colada ao rastro da lembrança que contêm você. E por ter perfeição demais, acabei notando o quanto ela era injusta. Não a perfeição, mas sim a expectativa da realização da minha idealização. Como se você não roncasse quando dorme, ou não tivesse manias horríveis ou provavelmente o péssimo hábito de me deixar confusa em esconder o que pensa ao olhar.
E esse mal da idealização fez com que abraçar você fosse muito melhor na imaginação que pessoalmente, e foi essa bandida também que me fez perder a noção do real e do sonho, ocultando dos meus olhos que um pode ser o outro e vice-versa. E eu te idealizei tanto, mas tanto, que você passou por mim várias vezes e nem notei.
Dai, um dia sonhei com você, e não me pergunte porque, só sei que acordei com alguém jogando água gelada em mim. Talvez fosse porque eu sorria demais ao suspirar. Ou porque eu devo ter dado uns gritos. Nós brincamos bastante de cafuné e ser feliz no sonho. Bem, só sei que aquela água gelada me acordou do sonho e da ilusão da vida. Essa ilusão besta que faz com que queiramos que o outro seja sempre melhor do que realmente pode ser. Essa versão intolerante, que espera nada menos que o máximo da perfeição de quem está do lado. Essa versão que quer transformar a vida numa luta da qual queremos urgentemente sermos salvos, e que jogamos covardemente a responsabilidade desse salvamento em “seus” ombros. Você, um humano como qualquer louca romântica, ou pervertida centrada.
Cansei de te dar títulos, expectativas e idealizações tão injustas. Resolvi arriscar e receber você assim, como é. Meio estranho como eu, talvez insone e com manias que de tão irritantes, irão me surpreender.
Resolvi dar chance pra sorte. A sorte de aceitar alguém que é o que é.
Agora você já pode vir. Já tem espaço aqui para você ser você, e só.
“Perfect – Hedley”
Camila Lourenço