Sincericídio

“Eu sou estranha. Graças a Deus. Que castigo horrível seria ser tida só como normal.

Já tem um bom tempo que não deixo meus dedos viajarem pelo teclado falando exatamente o que estou sentindo, e ando mesmo sentindo muita falta disso. Como acho que vontade é coisa que deve ser morta, vou satisfazer meu desejo.

Não tenho uma lista muito grande de namorados na vida pra contar. Não que namorar seja algo que não me apeteça. Apetece sim. Como quase toda garota gosto de dormir de conchinha, conversar sem dizer nada, fazer programas patéticos juntos, como mergulhar num sábado a tarde numa piscina de bolinhas e ainda assim achar aquilo o melhor programa do mundo. Na teoria e em alguns aspectos, sou uma pessoa bem normal. Mas, é preciso que valha a pena, muito a pena para que eu decida dispor do meu tempo, do meu coração insano e dos que me são caros para eu conseguir namorar, e há também o fator tumtumtum. Então, sem arrogância ou egocentrismo, estou sozinha porque quero e odeio, ODEIO mesmo quando viram pra mim e falam:”nossa, mas uma moça tão bonita e talentosa sozinha?Por que?” Bem, é porque EU QUERO. Não que eu não queira um amor tranquilo com sabor de fruta mordida, nem que não tenha bons rapazes na cidade onde vivo ou por onde ando. É só que não aconteceu aqui dentro, então, prefiro não arriscar nada sem eu ter ao menos aquela centelha no peito que fará com que até as quedas valham a pena. Mas, não é sobre isso que quero falar hoje. Quero falar sobre as pessoas que julgam, que não sabem entender jeito de ser. Posso estar parecendo arrogante e presunçosa nas minhas palavras, mas, na boa?Eu tô é p da vida mesmo!
Desde criança julgam meu jeito de sorrir, de conversar, de ser, de respirar, de tudo. Não sou santa, se fosse estaria como enfeite em alguma igreja e também fazendo milagres diretamente do céu.Também não sou demônia. Tenho algo aqui dentro que me faz escancaradamente simples de entender: eu sou humana! E é como humana, como gente que sou que respiro fundo e peço a Deus com cuidado:”Senhor, me dá muita paciência, porque se o Senhor me der força…lasca tudo”.Sei que essa postagem é totalmente diferente dos textos que sempre publico, mas, ou eu boto pra fora ou isso me consome.
Quero muito que o mundo entenda que sim, a gente sorri sem segundas intenções sim, que a gente é educado por pura educação sim, que de vez em quando somos manhosos é porque somos manhosos mesmo. De vez em quando, as coisas são simples sabe? De vez em quando tudo só é o que realmente parece. E olha que eu nem vou entrar no mérito dos julgamentos por risadas, jeito de vestir, músicas que ouve, pra não polemizar ainda mais.
Graças ao bom Deus, cada ser é único. O mundo bem que poderia aprender a respeitar a individualidade de cada um e aceitar, que a vida é como um quebra-cabeças, cada um tem seu lugar, seu espaço e papel e as vezes, é exatamente aquela peça estranha que fará com que o nosso “jogo” seja completo.
Como gente que sou, crua, imperfeita, curiosa, ousada as vezes até o ponto de arriscar pisar onde não há chão é que deixo aqui hoje meu grito: Vamos aceitar as diferenças! Vamos amar esse dom de ser único sem julgar quem de nós é diferente. O arco-íris só é tão belo e tão citado porque tem em si, sem julgamentos ou achismos, todas as cores que precisamos para fazer nascer outras que o tempo foi inventando.
Eu não sei bem que cor eu sou. Só sei que a minha cor não sabe ser discreta, não sabe ser calada, mudinha lá no cantinho…juro que as vezes eu queria, mas ela não sabe. Até quando ela é calada ela grita, se faz vista.
Como todos, eu também procuro meu lugar no mundo e torço todos os dias para encontrar formas de adaptar ainda mais essa minha cor muito ‘colorida’ aos lugares por onde passo, e todos os dias peço inconscientemente forças para não deixar de ser eu, porque eu vim ao mundo com um defeito seríssimo de fábrica: eu não sei não ser assim. Cor. Colorida mesmo.
Bem, obrigada por terem, por tabela, me ouvido, meus queridos leitores que dão sentido à existência desse blog.
Um beijo e até a próxima postagem, que prometo, será uma postagem “normal”.
Camila Lourenço