Acordei desesperada, havia esquecido de comprar o presente do meu namorado. De repente lembrei: eu não tinha namorado. Meu alívio durou poucos minutos, se eu não tinha namorado, eu deveria ter um peguete e não tinha compro o presente do tal. Olhei pro tempo e pensei:”Ué, eu também não tenho peguete.” Alívio. Desespero. Desespero desesperador. Muito desesperador. Constatei que o dia do terror existiria e estava há poucas horas de mim. Lembrei daquele que faz meu tumtumtum parecer escola de samba e senti raiva, as vezes ele era, bem…as vezes ele era bem “ele” e nesse momento, lembrar do sorriso dele fez meu estômago dar ainda mais voltas.
Bem, o que eu poderia fazer? Eu teria que viver o tal dia do amor. Comecei então me preparar. Coloquei P!nk no último volume, calcei aquela minha bota linda acompanhada daquele vestido que fazia eu mesma querer me pegar. Fui ver o sol.
Sai, tomei um chocolate quente, meio capuccino e ouvi os burburinhos sobre que presente dar, e blá, blá, blá. Vi um ou outro rosto triste, desviando os olhos dos casais apaixonados. Pensei: “eis ali alguém como eu”.
Abasteci minha geladeira com todas as guloseimas possíveis, incluindo “água que passarinho não bebe”. Marquei na minha agenda:”Sorrir.”
Não, não pensei no resto. Eu tinha ainda uma agenda inteira de amigas para ligar. Procurando me entreter, me lembrei que eu tinha muito mais motivos para comemorar o amor que eu imaginava. Ele batia dentro de mim, vazava pelos meus poros. Sorri. Amor é pra vida toda, e isso nem sempre incluiria ter alguém por perto.
No final da minha viagem de pensamentos eu estava até feliz. Eu estava tendo bem mais que sempre quis.
Aquele pensamento:”quem tem sorte é sorteiro” ainda me parecia meio mentiroso e despeitado. Mas, quer saber? Me cabia muito bem.
“So What – P!nk”
Camila Lourenço