Te dedico

Eu queria não te amar assim tão desgraçadamente de graça como eu te amo. Mas, eu amo.

Eu me derreto toda com suas risadas e seu compasso sem graça. Eu respiro fundo e fito o chão pra não me entregar.

Seria tão mais simples se eu pudesse apenas apenas te chamar e te dizer: Vem cá! Eu te amo! Vamos nos resolver e apenas habitarmos na existência um do outro?”

Eu levo séculos pra te esquecer e apenas com um beijo, todo o redemoinho está de volta. E eu te amo sem nunca ter amado. Sem ter tempo pra amar.

Eu me prometi uma vez que não te transformaria em nenhuma poesia, em nenhuma crônica de amor. Porque sempre que dou vida no papel, a vida morre nas vias reais. Mas já que não cabe a mim decidir o que vive ou não. Já que coube a mim sentir maior que o corpo, e um padrão duvidável de escolher o que já nasce morto, eu transgrido minha própria regra e te transformo em amor em letras sim.

Pelos beijos que não te dei, pelos abraços que não ganhei, pela fé que perdi.

Pelo compasso errado, pelas escolhas erradas. Pela desistência.

Pelo pôr do sol nunca visto juntos, pela sua camiseta maior que meu corpo.

Por nós. Laço desatado.

Te dedico amor gratuito, ainda que morto.

Te dedico vida saltitante, ainda que fake.

Te dedico.

A mim.

Te dedico.

Te dedico.

Te amo.

De graça.