Escrevo pra você toda perfumada e teoricamente linda (ao menos me esforcei pra isso). Já, já saio pra ver o sol morrer e a lua nascer. Escrevo porque me deu vontade de escrever. Escrevo porque mentalmente já fiz esse texto várias vezes.
Você diz pra eu não me apaixonar. Na real você morre de medo de eu me apaixonar. Julga, eu estar muito mais vulnerável a isso que você. Eu sorrio. Rs. Tem como não sorrir de tal asnice? Mas, eu te olho firme, entre magoada, ofendida e querendo te mandar plantar coquinho, respondendo: “não tô apaixonada, eu sou assim.”
A gente evita abraços que envolvem mais carinho que pele, e eu, apesar de amar o apelido pelo qual você me chama, nunca tive coragem de inventar, de fato, um para você.
Eu poderia dizer que você me faz mais viva, mas, estaria mentindo. Não sei se é vida o que tenho nos seus braços. Acho que não inventaram um nome que possa traduzir o que acontece. É alguma coisa que me faz ter o coração batendo rápido e também querendo parar.
Não há promessas mentirosas entre nós, e isso é uma das coisas que mais gosto. Nós nos encontramos pra ser isso: ser humano um com outro. As vezes aguento as suas nóias. As vezes engulo minhas manhas. As vezes fico totalmente dependente, as vezes, coloco um salto, dou os braços a alguma amiga e saio decidida a me fartar da vida pra nunca mais sentir dependência de ninguém (muito menos de você). Tem dias que sou forte e você pouco me faz cócegas. Tem dias que sou gente, e quero ficar além de cansada nos seus braços de tanto nos amarmos, desejo também ficar lá naquele abraço que sempre evitamos, só pra sentir seu coração no meu, até eu voltar ao normal.
Não reclamo de nada. Acho que tudo está na medida certa, e com o tempo, aprendo a secar meus barros e transformar-me em areia, que escorrega pelas mãos.
Não sei onde vai dar isso tudo. Se somos mesmo um vício um para o outro, talvez eu deva mesmo me tratar. Mas, ainda acho que nem todo vício é ruim. Eu, por exemplo, sou viciada em adrenalina, e não pretendo – nem vou – me internar por isso.
Com você eu descobri muita coisa de mim, coisas que eu não posso, nem vou evitar, só preciso encontrar um jeito de colocar tudo no lugar e encaixá-las na minha vida de uma forma permanente.
Nós nunca dissemos uma palavra de afeto um ao outro, mas, eu preciso te falar que as vezes eu te odeio. Odeio porque você é perfeitinho nas suas imperfeições, aos meus olhos. Te odeio por uma série de fatores, e ai, eu te gosto. Te gosto porque você é quente, turrão, amargo, doce e tem um gosto apurado quanto a muita coisa,ah, e também porque é chato, muuuuuuuito chato. Você apareceu em um momento que eu estava de bobeira. Eu aprendi pisar em ovos e você, aprendeu (está aprendendo, acho) que meninas não são tão domáveis assim.
As vezes, acho que você pensa que me tem nas mãos. Mais uma vez, sorrio. Já levei tanta porrada na cara que se você soubesse como me protejo, me evito, me abafo, também riria desse pensamento. Na realidade, as vezes, nós nos temos nas mãos. E nós mesmos nos damos impulso para voar.
Não vou te dizer as coisas que não preciso. É melhor mesmo você ficar na dúvida, até porque, eu mesma tenho várias dúvidas que se misturam com certezas. Normal. Afinal, na vida a única certeza que temos, é a morte.
Você veio como algum elemento químico e clareou as páginas do livro da minha história pra mim mesma, e eu quase consigo te amar pela pessoa – humana, errada, certa, sonhadora, pé no chão, afoita, calma, apaixonada, adulta, curiosa, centrada, impulsiva, reativa, pró-ativa – que me descubro através de cada vez que me perco em você.
Hoje te escrevi só pra te deixar um beijo, daqueles que a gente sempre se perde, esquecendo que era pra durar só um minuto. Te deixar um beijo e agradecer: a vida ganhou um sabor diferente a partir de você.
Camila Lourenço