Um trilho, o imprevisível e você

Um trilho, o imprevisível e você

É como uma montanha russa. Cheia de curvas inacreditáveis. De altos. De baixos. Pra quem resolve arriscar, a vida é uma estrada recheada de adrenalina.
Hora você está na respiração quieta da subida, hora no pânico carregado de adrenalina da descida.
As vezes o trajeto é totalmente previsível, ainda que cheio de momentos de arrancar suspiros. Hora ele entra em cavernas estranhas e escuras. Outras passa por jardins floridos, recheados de flores amarelas, rosas, azuis e vermelhas. E de repente o carrinho onde você está tromba de forma brusca com o de alguém, e inexplicavelmente os dois se tornam um só e então, sua viagem não é mais solitária, pois o condutor do tal carro está bem ali, sentado ao seu lado. E você ainda meio zonzo nem sabe mais se os trilhos onde está são seus ou do seu novo e talvez estranho acompanhante. Você só sabe que o trilho é um só e o carrinho também.
E então você deixa de ser o condutor solitário e decisor, e o rumo que antes estava nítido na mente agora está misturado com o de alguém que você está conhecendo a medida que as paisagens passam de forma rápida por seus olhos e o vento bate no seu rosto de forma mais intensa. E você muda o rumo sem perceber, muitas vezes sem querer. E quando enfim começa se acostumar com a idéia, o acompanhante simplesmente breca a viagem e desce. E lá vai você reaprender a andar na montanha russa sozinho de novo.
Depois de reviver todas as sensações de medo, terror, adrenalina e apreciação sozinho o seu bendito carrinho se choca de novo com o de alguém e toda a cena se repete. Só que dessa vez você olha bem fundo nos olhos do novato em seu banco e pensa:”Será que esse agora vai até a chegada?” E o carrinho recomeça a andar. E você respira de um jeito que o ar possa ir na alma e se lembra de como foi parar ali. E lembra que cavernas escuras não são tão assustadoras assim, e que força é apenas um apelido para quem chegou até aquele momento. Então, se permite apreciar de novo as sensações da viagem tendo alguém para contar o que acha dos lugares e sentir as sensações com você. E segura a mão de um jeito apertado quando o coração bate mais forte em alguma curva. Aperta como se fosse a primeira e última vez e simplesmente “aproveita o momento”. Por que você já sabe como é ter e não ter. E já sabe que sobrevive aos dois.
E o carrinho simplesmente continua nos trilhos. E mesmo que você não saiba ao certo o rumo, sabe que ele está indo exatamente para onde deve ir.

Camila Lourenço