Eu odeio quando você esquece os meus desassosegos, os meus sacrifícios, as minhas angústia para estar ao seu lado, para te plantar na minha história, me queimando toda para te regar. E essa sua sua ingratidão me irrita mais que tapa na face, mais que costas dada em meio a discussão. E isso, apenas isso, tem o poder de te secar em mim, ou fazer o meu querer tão bem querer, implodir.
É que eu odeio que cuspam na minha dedicação, que se façam cego para a minha veneração ou de esquecidos para os meus desvelos. Eu deveria fazer tudo despretensiosamente, mas eu estaria apenas efetuando a segunda parte dessa palavra. Não vou mentir, pois eu espero! Eu espero que você me respeite, já que não consegue ser grato, que embale ao menos nos lábios a consideração.
É que não sei lidar com quem põe fogo em quem lhe trouxe refresco – e olha que eu até relevaria se esse fogo fosse dos que sobem pelas pernas e atraca as entranhas. Mas esse, esse do desprezo, esse que julga Estocolmo a cada gesto recebido. Esse que acredita que quem fica é por sequestro e não por vontade, esse não me apetece. Esse me enoja.
Então, suma de uma vez por esse horizonte de onde surgiu. Melhor. Continue exatamente aí onde está. Pois o passo da partida já nasceu em meio peito e começou deixar pegadas antes mesmo do caminhar.
Eu vou segurar a tentação de oferecer a outra face da moeda, e vou te deixar sem a intensidade de quando surgi. Prefiro me amanhecer partindo te mostrando a diferença de um dia sem sol. Porque pra quem não sabe olhar para o céu, só mesmo perdendo a constelação e nuvens que possuí, consegue perceber a falta do que sempre esteve no lugar.
Eu parto pra não partir a mão na sua cara, porque sinceramente, as vezes é isso que você merece.
Eu parto pra não fazer de cada carinho um parto natimorto.
Eu parto pra renascer em mim, e porque melhores que você existem bilhões por aí.